Kobra - Ganhando o mundo a cores
- Bruno Inocêncio
- 3 de mai. de 2017
- 3 min de leitura

Nascido em Campo Limpo, São Paulo, amante da arte urbana, muralista e vanguardista paulistano - Eduardo Kobra - Artista de rua brasileiro que surgiu no fim da década de 80 e atualmente tem diversas obras espalhadas em todo o mundo, como Estados Unidos, Suécia, México, entre outros países. Teve forte influencia da cultura hip hop de São Paulo, onde desenvolveu seus primeiros projetos e iniciou sua construção de identidade artística, base que mantem seu trabalho até hoje. No contexto de arte de rua afirmada com a cultura negra, influenciado pelos EUA e periferia paulistana, deu inicio ao seu projeto “Muros da memoria”, onde o artista retrata em murais o passado de cidades buscando a valorização e conhecimento da formação dos locais, suas histórias e seus costumes.
Nesse projeto foi realizada uma obra de mil metros quadrados na Avenida 23 de Maio, que mostra cenas da década de 20 de São Paulo. O seu trabalho hoje em dia é dedicado e desenvolvido com enfoque nas cores, luzes e sombra. Chama atenção de todos os amantes da arte pelo perfeccionismo, característico dos murais do paulistano. Kobra, como é conhecido pelas ruas, apresenta obras riquíssimas em traços e valorizando contextos sociais. Seus murais mais famosos se estendem em todo o mundo e, segundo ele, a intenção agora é invadir as galerias de arte em telas novamente, forma que já foi explorada pelo artista que teve sua primeira exposição em Roma, há dois anos, com a obra intitulada “Olhares da paz”, onde destacava nomes de várias pessoas que contribuíram para a paz mundial, como Malala Yousafzai, Nelson Mandela, Martin Luther King, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e John Lennon.

Atualmente valorizado e consolidado no mercado artístico, Kobra desenvolve seus projetos em prédios e muros, onde sua intenção é trabalhar com a arte em 3D, basicamente enganando os olhos, com obras usando técnicas tridimensionais permitindo ao publico a interação com o desenho visto. Em recente projeto, chamado “Green Pincel”, a intenção é combater e mostrar os danos que o homem causa na natureza. O impacto visual das obras consiste na interação dos desenhos com as cidades.
Fora de polemicas
Artista de São Paulo, lugar onde desenvolve a maioria de seus trabalhos e que já afirmou que não abandona por ser sua raiz, Eduardo Kobra tem um desafio para atuar agora. A atual gestão do prefeito Joao Doria parece priorizar o padrão “cinza” da cidade, e logo no inicio do trabalho da atual prefeitura foram apagados todos os grafites da Avenida 23 de maio, na operação “Cidade Linda”. O nome do Kobra foi inserido na discussão sobre a arte de rua dividida entre pichação e grafite depois de Dória citar o nome do artista como um propulsor na arte urbana, sendo divisor de água entre uma obra ser arte ou “apenas” uma pichação. Kobra foi citado por João Doria como coordenador do projeto para inserir grafites no lugar das pichações. O artista se isenta da qualificação e garante não ser um divisor e possível julgador sobre as artes de São Paulo. “Não tenho esse direito. Não vejo o meu trabalho superior ao de ninguém. Todo mundo está nas ruas, batalhando pelo seu espaço", afirmou o artista.
Após a associação do nome do artista a imagem do prefeito da cidade, grafites do Kobra foram pichados com caricaturas do rosto de João Doria. Questionado sobre a danificação de suas obras, o paulistano avalia que: “cada artista se manifesta da forma que acha mais viável". "Eu não posso entender os motivos que levam cada um a fazer o que faz. Eu não pinto nada em que eu não acredito. Não vou realizar nada porque me mandaram fazer". Kobra disse que não se manifestaria em relação aos debates porque não teve participação no projeto de retirada, e ainda reitera seu posicionamento sobre ser sempre a favor da arte.
Mural da paz reconhecido mundialmente

Realizado para as Olimpíadas do Rio de 2016, o mural “Etnias- Somos Todos Um” entrou para o Guiness World Records, o livro dos recordes, como o maior grafite do mundo. A obra tem 15 metros de altura e 170 de comprimento, retrata cinco rostos indígenas de cinco continentes diferentes: os huli, da Nova Guiné (Oceania), os mursi, da Etiópia (África), os Kayin, da Tailândia (Ásia), os supi, da Europa, e os tapajós, das Américas. Inspirada nos aros olímpicos, ela representa a paz e a união entre os povos. Fica localizada no Boulevard Olímpico da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, o mural foi realizado com 180 baldes de tinta acrílica, 2.800 latas de spray e sete elevadores hidráulicos.
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